Canastro Branco Encruzado


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Canastro Branco Encruzado

Não lobriguei ano, para vinho de serviço, tive de me socorrer do lote onde, aí sim, constatei que é um Encruzado de 2024. Claro que a menção do ano devia constar do rótulo, mas que diz a lei? A indicação do ano no rótulo dos vinhos DOC Dão não é obrigatória para todos os vinhos, apenas para os classificados como “Novo”, “Clarete” ou quando a menção “Garrafeira” ou “Reserva” é utilizada, de acordo com o regulamento da Região Demarcada. Para os restantes vinhos DOC Dão, tintos, rosados e brancos, a indicação do ano é facultativa, mas esses vinhos devem cumprir requisitos de estágio mínimo, 12 meses para tintos e sem estágio para rosados e brancos. Ora aqui se vê como a Comissão Vitivinícola Regional do Dão se está a marimbar para o consumidor. Há que rever as regras, cada vez vejo mais vinho IVV e menos certificação e isso, isso dói-me na alma.

E do vinho? Este vinho é engarrafado com orgulho pela Adega Cooperativa de Vila Nova de Tazem, um pilar da produção vinícola da região. A sua comercialização por engarrafadores de Viseu garante a ligação íntima ao seu local de nascimento. O selo Comissão Vitivinícola Regional do Dão atesta a Denominação de Origem Controlada e assegura a sua qualidade rigorosa e a fidelidade às tradições da região. Serve-se fresco, custa, na restauração, 14 euros e tem essa mineralidade telúrica e frescura acentuada que o tornam num vinho extremamente gastronómico.

A colheita de 2024 foi marcada por um ciclo vitícola exigente. As condições climáticas, com um ano chuvoso e alguma instabilidade em fases críticas, apresentaram desafios significativos para os viticultores. Especificamente os brancos de castas como a Encruzado registaram uma quebra de produção, 15%, culpa de fenómenos como o desavinho provocado pelas chuvas durante a floração. O míldio, apesar dos cuidados redobrados e tratamentos efetuados, também exigiu uma vigilância contínua.

Contudo, apesar destes desafios climáticos, o resultado é o mais promissor: os brancos do Dão de 2024 são, em geral, antevistos com qualidade alta. A casta Encruzado, em particular, com o seu desenvolvimento em altitude e solos graníticos, é resiliente. O fruto colhido, embora em menor volume, beneficiou de uma concentração de que resultaram vinhos com acidez viva e excelente estrutura.

O que comprova neste elegante, e telúrico, vinho que respira a nobreza ancestral da região do Dão, uma terra de relevo acidentado e generosamente protegida por serras imponentes, que lhe conferem um terroir singularmente fresco e complexo.

O Canastro Dão Branco é uma expressão pura da casta Encruzado, considerada por muitos a rainha das castas brancas portuguesas. É um vinho monovarietal, onde a casta mostra toda a sua identidade irrepetível e sofisticação intrínseca. E, apesar de muito jovem, está valente no paladar.

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