Fidalgas de Santar Reserva Tinto 2018


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Fidalgas de Santar Reserva Tinto 2018

Saí de casa para uma reunião que descambou em almoço, digestivo, merenda e regresso. Os dias são assim, complexos, imponderados e saltitantes. Eis um bom motivo para ser a agenda a correr atrás de nós e não o inverso. De começo de conversa um tinto, que resolveu almoçar connosco. Que a garrafa revele a alma do Dão em toda a sua elegância e mistério.

No rubi profundo do Fidalgas de Santar Dão Tinto Reserva 2018, repousa o conto de um ano singular. É um néctar que nos dá o abraço quente da fruta madura, colhida sob a brandura do sol, temperada pelo frescor da serra. No aroma, liberta-se um ramalhete que evoca a floresta e o pinhal, onde as notas de frutos vermelhos e silvestres se entrelaçam com a subtil especiaria do estágio em madeira. No palato, a Reserva confirma a nobreza, exibindo uma estrutura sólida, mas aveludada, com taninos firmes, polidos. É um vinho de guarda, que se desenrola na boca com uma frescura cativante, deixando um final persistente, um sussurro da paisagem que o viu nascer. Beber este vinho é sorver a história e a tradição de uma das mais antigas e distintas regiões vinícolas de Portugal. E, também, entrar ao âmago de Santar, que vive de promessas de quem não lhe vê outra serventia que não o nome.

Nas castas encontramos um lote enxuto, sem fugir ao cancioneiro, Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen, Tinta Roriz que dão corpo a 14% volume, resultado desse 2018, no Dão, marcado por condições que, embora resultando numa produção menor do que o habitual, 22 milhões de litros, abaixo dos habituais 30 a 35 milhões, garantiram uma qualidade considerada excelente. Eu diria exuberante.

Os tintos desta colheita revelam-se muito equilibrados, apresentam-se como vinhos florais e muito frescos na boca, com ótimos taninos. O que mostrou que, passados 7 anos, há ali potencial de guarda. Em 2018 o Dão produziu vinhos típicos, que a palavra não vos faça cócegas, em termos de perfil aromático e frescura.

O preço de um vinho pode variar significativamente dependendo do local de compra garrafeira, supermercado, restaurante, este, à porta do produtor, está a 11 euros, claro que em contexto de restauração, o valor é superior. Haja sensatez para merecermos o vinho, vindo da sub-região de Terras de Senhorim. Compreende-se com este Fidalgas de Santar Dão Tinto Reserva 2018, a conclusão de que este vinho é um embaixador líquido da sua terra natal. Um ano que, apesar de mais parco em volume, se distinguiu pela qualidade superior, entregando tintos equilibrados. A sua identidade é inseparável da histórica Vila de Santar, cuja história se entrelaça com a nobreza e a tradição vitivinícola da região do Dão. Elevada a vila há quase um século, esta povoação é notável pelo seu vasto património arquitetónico e religioso, testemunho de séculos de importância.

A vila é frequentemente associada à casa senhorial, aos solares imponentes e, mais recentemente, aos seus magníficos e históricos jardins, que se tornaram um ponto de atração turística.

No entanto, o seu pilar económico e cultural de longa data é o setor vitivinícola, sendo a paisagem dominada por vinhas que produzem alguns dos vinhos mais distintos do Dão, como o Fidalgas de Santar, honrando assim o seu passado nobre e rural, numa vila que convida à descoberta do património português.

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