

Este é um dos vinhos favoritos da Anita, escolha certa depois de uma surpreendente primeira prova, há alguns anos. Nunca segunda escolha, embora bebamos muito nunca repetimos garrafa nem descartamos o surpreendente, é sempre com prazer que lhe regresso.
Logo no primeiros aromas, rolha tirada, aromas muito finos e delicados, com expressão ao granito e a untuosidade a escorrer pelo Zwiesel, que os copos também merecem o vinho.
Cor citrina, brilhante, delicado de aromas, macio e de mineralidade bem expressiva. Requinte num vinho de boa textura, suave, nada intrometido, antes um sedutor de palatos. Requinte e harmonia, um final longo e próspero.
Percebe-se, vendo a Quinta de S. Francisco, solos pobres de granito, vigiados ao longe por atentos pinhais, que protegem esta sensível Malvasia Fina, o conhecido Arinto do Dão.
Historiadores há que lhe botam nascimento ao Oriente Médio, não deixo, contudo, de assinalar a “Crónica da Conquista de Ceuta” e o vinho dos festejos que o Infante D. Henrique promoveu, em Viseu, nesse longínquo 1414, meses antes da partida para Ceuta. E que escreveu Gomes Eanes de Azurara?
“Vieram alli piparotes de malvazia, com muytos outros vinhos, brancos e vermelhos, da terra de todallas partes honde os avia milhores”.
Bem-haja a quem nos brinda com estas tenências.
O Chão da Quinta Malvasia Fina atira-se aos 13º, amável e atencioso, nem topamos a descida ao palato. Floral, boa intensidade, untuoso, seco e persistente na leveza, apesar da acidez alta, tem, efetivamente, um final de boca prolongado.
De boa mesa, e melhor fruta, apesar de toda a sensibilidade e delicadeza, não deixa de ser o que é. Um vinho exuberante, com boas provas para o ser.